Sarron.com - Teatro & Companhia

As pessoas vão ao Teatro porque sabem que nessa noite o homem pode cair do trapézio (Orson Welles)

3.27.2007

"Um Cinquintinha?" estreia Sexta-feira no Centro Cultural do Mindelo

design: neulopes


"Um Cinquintinha?", terceira produção teatral de sarron.com, narra as vivências de três personagens pouco convencionais que, mesmo vivendo de uma forma miserável, sentem-se felizes com um grande laço de amizade que conseguem criar durante anos de conviência. Doutor (o falso louco), Florzinha (a inseparável amiga vaidosa) e Casca (o preguiçoso e irreverente) fazem um trio que confortou com a vida que tem, à base de cinquintinhas e que, do seu canto, consegue ver muita coisa que nossa sociedade não consegue ver. Afinal Na Rua de Praia n'é só pêxe que é frêsque. Bonê tambem é frisquim.
Trata-se também de uma reflecção sobre muita coisa que se perdeu nesta nossa sociedade, entre os quais os valores e os bons costumes, os credos e descredos, os perigos da globalização, as falsas aparências, a hipocrisia, os altos e baixos de altos dirigentes deste país, enfim um mar de assuntos que se englobam numa história real e triste, mas vivida com muito humor. Aliás, o sanvicentino sempre faz chacota de suas próprias desgraças.
A não perder nos dias 30 e 31 de Março às 21h30 e no dia 1 de Abril às 20h30 no Auditório do Centro Cultural do Mindelo.


FICHA TÉCNICA

Interpretação: Fonseca Soares, Alexandre Fonseca Soares, Heloneida do Rosário, Jailson Fortes, Odair Ramos e Nadira da Luz
Dramaturgia, Encenação e Sonoplastia: Neu Lopes
Desenho de Luz: Edson Fortes
Iluminação: Faísca Luminotecnia
Figurinos: Colectivo
Caracterização: Manú Lopes
Cenografia: Neu Lopes e Robô Dias
Adereços: Robô Dias e Djoiss
Direcção de Cena: Robô Dias

Comemora-se Hoje o Dia Mundial do Teatro

Para comemorar em grande o Dia Mundial do Teatro, a Associação Artística e Cultural Mindelact preparou a já tradicional cerimónia de entrega do Prémio de Mérito Teatral, este ano reservado ao Director Técnico do Festival Mindelact, César Fortes. A cerimónia terá lugar no Centro Cultural do Mindelo e, para além dos convidados assistirem à cerimónia, serão apresentados os melhores sketches inseridos no programa "Teatro na Escola", que foi levado a cabo este mês sob a batuta da Escola Salesiana, e coordenada pela nossa conhecida Mirita Veríssimo. E para fechar o não menos tradicional boufet. Uma cerimónia que, anualmente, reune agentes teatrais do Mindelo, sócios do Mindelact, artistas e vários outros convidados. Que viva o teatro!

3.18.2007

TIM apresenta "Linha De Pesca"

Linha de Pesca é o mais recente trabalho do Tim-Teatro Infantil do Mindelo.

Desta vez o TIM aliou-se ao Projecto de Conservação Marinha e Costeira para epresentar um espectáculo que não é destinado às crianças.
Será mais uma chamada de atenção e crítica à sociedade e aos responsáveis pelo ramo pesqueiro e ambiental. A não perder nos dias 21 e 22 no Auditório do CCM, sempre às 21h30.

AVISO

Os Bilhetes para "Um Cinquintinha" estarão à venda a partir do dia 26 de Março no Bar Mindelact, no Centro Cultural do Mindelo, e nos elementos do grupo. Mas pelas reservas que temos, contamos que o primeiro dia se esgote logo que sejam postos à venda. Não perca tempo e adquire o seu a partir dessa data.

Quem Vai Ser nos Dias 22, 23 e 24 de Março?




A peça Teatral "Quem Vai Ser Esta Noite", do Projecto Teatro Praia (nota-se que é um projecto, mas atenção não há aqui um grupo formado oficialmente), será apresentado no pátio do Centro Cultural do Mindelo esta semana, Quinta, Sexta e Sábado, 22, 23 e 24 de Março.

Um quarto, nenhuma janela, duas camas, um jornal, um relógio só com o ponteiro dos segundos, duas mulheres obrigadas a esperar… Este é o mote para o espectáculo. O isolamento e uma convivência forçada, num espaço exíguo, por tempo indeterminado, conduz impreterivelmente a um estado de tensão que gera conflito, faz cair as máscaras, fazendo com que cada uma delas mostre o seu pior lado. Ou será apenas o mais verdadeiro? Uma adaptação singular de um texto de Harold Pinter, Prémio Nobel da Literatura em 2005.


Interpretação: Matilde Dias e Micaela Barbosa

Encenação: João Paulo Brito

Produção: Projecto Teatro Praia & Associação Mindelact.

Local: Pátio do Centro Cultural do Mindelo.

Técnico César Fortes escolhido para Prémio de Mérito Teatral 2007


A Assembleia Geral da Associação Mindelact decidiu, está decidido O técnico de iluminação César Fortes foi o nome escolhido para receber, no dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, o Prémio de Mérito Teatral 2007. César Fortes, é hoje um dos mais prestigiados técnicos de iluminação exercer actividade profissional em Portugal, amplamente requisitado por algumas das mais importantes companhias teatrais daquele país. Em Cabo Verde, é Director Técnico do Festival Internacional de Teatro do Mindelo - Mindelact, desde 1998.


O Prémio de Mérito Teatral

O Prémio de Mérito Teatral foi criado em 1999 pela Associação Mindelact, para anualmente homenagear um grupo de teatro, particulares, empresas ou instituições públicas ou privadas que se destaquem pelo apoio e contribuição para o desenvolvimento das artes cénicas cabo-verdianas e tem como objectivo principal servir de incentivo para aqueles que, de uma forma ou de outra, tem contribuído para o melhoramento do nosso teatro. O prémio é representado por uma estatueta em bronze concebida pelo artista plástico Manú Cabral, a partir de um dos elementos que constituem o logotipo da Associação Mindelact, este por sua vez da autoria da artista plástica Luísa Queirós.É entregue no dia 27 de Março – Dia Mundial de Teatro – e a decisão cabe à Assembleia Geral, órgão máximo da Associação Mindelact.
Desde a sua fundação, em 1999, já foram contempladas as mais diversas áreas envolvendo as artes cénicas de Cabo Verde. Assim, no seu primeiro ano, o Grupo de Teatro Juventude em Marcha (produção teatral) e o Sr. Mário Matos (investigação), foram os premiados. Em 2000, foi a vez de Francisco Fragoso (encenação). No ano seguinte, 2001, a área destacada foi a da formação, com a Escola Salesiana de Artes e Ofícios e o Centro Cultural Português do Mindelo - IC. O jornal A Semana e a Rádio de Cabo Verde (promoção) foram os homenageados seguintes, tendo recebido o prémio em 2003. Depois foi a vez do Público do Mindelo, cujo prémio foi entregue, simbolicamente, à Câmara Municipal de S. Vicente. Em 2004, coube a vez ao Cine-Teatro Éden Park (infra-estrutura), hoje encerrado e com o seu futuro arquitectónico em risco. O mecenato não foi esquecido e o Banco Comercial do Atlântico, parceiro do festival Mindelact há muitos anos, foi a entidade homenageada em 2005. No ano passado, a artista plástica Luísa Queirós, foi contemplada, pelo seu trabalho como designer e ilustradora de cartazes e programas de teatro. 2007 é o ano da vertente técnica, com César Fortes.


César Fortes, o premiado de 2007

César Fortes iniciou-se na sua área de trabalho em 1995. Foi para Portugal em 1999, para uma residência e formação em exercício no Teatro Municipal Rivoli, na cidade do Porto. Desde 1998 é Director Técnico do Festival Internacional de Teatro do Mindelo - Mindelact.
Tem conduzido e elaborado desenhos de luzes para espectáculos e peças de teatro de alguns dos mais prestigiados grupos de teatro portugueses e cabo-verdianos, sendo hoje um dos técnicos de iluminação mais requisitados em Portugal, não só na área do teatro, mas também na música, na dança e na iluminação de grandes eventos de rua. O seu trabalho como técnico de iluminação em Cabo Verde e Portugal, tem sido amplamente elogiado por todos que com ele tem convivido profissionalmente.

É sócio fundador da única empresa cabo-verdiana dedicada unicamente à iluminação de espectáculos - Faísca - tendo a grande maioria do seu capital. Profissional incansável, quase todas as mais valias financeiras resultantes do seu trabalho como técnico de iluminação na empresa portuguesa Alfasom e nos grupos de teatro profissionais, foi ou tem sido aplicado no seu país, Cabo Verde, sendo hoje a sua empresa a mais bem equipada do ramo (iluminação).

Mulheres Na Laginha Mobilizou

O Espectáculo Teatral "Mulheres Na Laginha" de João Branco, estreado no Mindelact 2006, mobilizou muita gente e conseguiu esgotar a sala durante os três dias programados, obrigando assim ao Grupo de Teatro do CCP-IC a realizar um espectáculo extra, que também teve sala cheia. As opiniões quanto à peça e à temática do romance de Germano Almeida são diversas, mas quanto ao sucesso do espectáculo, a afluência do público fala por si. Alguma dúvida?

Uma Leitura Dramatizada com Sabor de Espectáculo Teatral

É o segundo ano de implementação em Cabo Verde do projecto «Barcos de Papel», um programa de intercâmbio dramatúrgico entre cinco países de língua portuguesa e três continentes. A ideia é colocar agentes teatrais do Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Portugal a ler as peças uns dos outros. Desta vez, a peça dramatizada foi "O Céu é Cheio de Uivos, Latidos & Fúria dos Cães da Praça Rosevelt", do brasileiro Jarbas Capusso Filho. Porém a Praça Roosevelt foi substituída pela Praça Nova e com entradas interessantes do nosso crioulo.

Sob o nome genérico «Salve a Língua de Camões», este projecto de intercâmbio de dramaturgias em língua portuguesa é conhecido em Cabo Verde, em homenagem ao escritor e poeta Luís Romano, com a designação «Barcos de Papel».

Deste projecto já nasceram consequências interessantes. Uma delas, que poderemos ver na próxima edição do Festival Mindelact, é a encenação por um grupo português, de um texto do dramaturgo cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, «Sozinha no Palco», que havia sido lido pela companhia CAIR-TE, na edição do projecto no ano passado.

Suely Duarte e Isa Dora Lelis deliciaram a atenta e humilde moldura humana que se fez deslocar à Biblioteca do Centro Cultural Português do Mindelo. Como João Branco fez questão de frizar, não se tratava de um espectáculo, mas sim de uma leitura dramatizada. De qualquer forma acabamos por ver duas leitoras que colocam o texto com algum cuidado e marcações que, por vezes, fazem-nos sentir que estamos a assistir a um espectáculo de teatro. O ambiente e o público também sempre ajuda.
neulopes - sarron.com

Um fim-de-semana com LOUCURAS DE AMOR



Depois das aperesntações desta Sexta-feira e Sábado, hoje, Domingo, o Atelier Teatrakácia leva, mais uma vez, ao palco a sua nova produção teatral "Loucuras de Amor", baseada em textos do brasileiro Nelson Rodrigues que já deram origem à série brasileira "A Vida Como Ela É" com actores sobejamente conhecidos entre nós, entre os quais Malú Mader e Isabella Garcia e voz of de José Wilker.


A peça tem como tema central uma crise a que muitos casais enfrentam após um determinado tempo juntos, em que, praticamente, deixa de existir um relacionamento amoroso, no verdadeiro sentido da palavra. A traição, a luta para manter um casamento e o relacionamento a três são alguns dos ingredientes que apimentam esta peça que tenta, de uma forma modesta, despertar-nos para estes problemas amorosos que parecem estar a tornar parte do nosso dia-a-dia e não nos estamos a dar conta disso ou então tornou-se normal e banal para nós.

A encenação é de Dicilino Gomes, a partir de textos de Nelson Rodrigues.


Elenco:
Bia Barbosa
Carlos Silva
Ivone Moreira
Magui Lopes
Nuno Delgado
Ró Lima
Valódia Monteiro
Zé Birgitte


Encenação:
Dircilino Gomes (Dirce)
Assistente de encenação: Mariza Santos
Cenógrafo: João Brito (Boss)
Guarda-roupa: Mariza Santos
Concepção sonora: Dircilino Gomes
Desenho de luz: Carlos Silva
Iluminação: Luminotecnia Faísca
Voz off: Dircilino Gomes
Maquilhagem e penteado: Noémia Lopes

3.02.2007

Sobre "Um Cinquintinha"


Um Cinquintinha (Ensaio)
Foto: sarron.com

Um Cinquintinha já está em fase de ensaios. Prometemos algumas surpresas e uma história que promete suscitar alguma reflexão, não só pelo seu teor crítico, como também pelos vários assuntos de cariz social e humano que aborda.
Os actores: Fonseca Soares (convidado), Alexandre Fonseca Soares (Tey), Heloneida do Rosário (Helô), Odair Ramos (Bic), Jailson Fortes (Djay) e Nadira da Luz.

A Equipa Técnica: Neu Lopes, Manú Lopes, Robô Dias, Hélder Lopes (Doca) e outros

Os Bichos Invadem a Praça neste Sábado

A Praça Nova do Mindelo vai ser invadida por um estranho grupo de seres, meio bicho meio homem, que para além do seu bizarro comportamento, ainda estarão munidos de um guarda-chuva, em homenagem ao Napumoceno da Silva Araújo. Um teatro de rua que já se vem tornando uma tradição no mês de Março em S. Vicente.
Sarron.com diz a todos aos alunos do XII Curso de Iniciação Teatral: Esmerdeiem-se!!!

TIM apresenta "Invasão do Lixo" neste final de semana

design: neulopes


Coube ao Teatro Infantil do Mindelo a responsabilidade de apresentar o primeiro espectáculo da programação do MMT no Mindelo.


E quem não viu terá agora a oportunidade de ver A Invasão do Lixo, principalmente os mais pequenos. Trata-se de mais um trabalho que junta criatividade e pedagogia num mesmo palco, bem ao estilo desta companhia teatral. Desta vez o tema central é a questão do lixo e dos cuidados ambientais que são obrigação de toda a população. Uma oportunidade para rever os personagens deste grande sucesso teatral: a encantadora Dona Lixo, a revoltada Acácia, a ingénua Cabra, o portentoso Senhor Vento e o alegre Contentor. Sempre presente estará o inevitável humor mindelense.

O CARTAZ OFICIAL


design: neulopes

Março Mês do Teatro começou

Março Mês do Teatro teve a sua abertura ontem, Quinta-feira em São Vicente.
Para abrir, João Branco, presidente da Associação Artística e Cultural Mindelact fez a apresentação pública do programa, seguindo-se a primeira projecção no ciclo de documentários "Teatro em Construção". Ontem coube a nós o previlégio de apresentar o documentário sobre sarron.com.
Na próxima terça feira será a vez de Brook by Brook, um documentário sobre o teórico e encenador Peter Brook, realizado pelo filho Simon Brook. Daí o título. Recomenda-se.

ABRAÃO VICENTE "NA CRISTA DA ONDA"

Transcrevemos aqui um artigo de opinião da autoria do "artista do momento" publicado no A Semana Online sob o título "É Carnaval, minha máscara é um batôn vermelho e um sorriso". É claro que já houve diversas reacções. Ora, leia e aprecie...

No ano em que alguns dos aclamados claridosos festejam o centenário, tenho esperança que os rumores se confirmem e caia por terra alguns mitos erguidos à sua volta. Os nossos bons velhinhos são responsáveis, em boa parte, pela divulgação e enraizamento dessa mentira, muitas vezes repetidas, que hoje é já enfadonho ouvir os nossos amigos do Mindelo insistirem na sua suposta vocação/finess cultural.
Por: Abrãao Vicente

A minha formação não me deixa outra alternativa senão repetir o que se me entranhou durante os quatro anos de Sociologia: em Sociedade tudo é construído. Falo dos mitos, das crenças, dos hábitos, claro, das manias, da ideia de se ser inferior ou superior, e obviamente a tal palavra mágica: vocação.
O politicamente correcto tem feito que perante as crises megalómanas de alguns intelectuais, dirigentes ou simples individualidades do Mindelo (não confundir com as ilhas do Norte) nós, a massa pensante de Santiago, nos mantivessemos em palavras mansas de contenção. Contudo, já se torna um pouco aborrecido ver nos mais diversos jornais online e papel a difusão de ideias nitidamente ofensivas aos Badius. Por isso, antes de abandonar aquilo que Joseph Ki-Zerbo dizia ser uma natural tendência dos africanos serem tolerantes e passar a um tratamento mais agressivo, faço um convite cordial aos nossos amigos: juntem-se à causa Cabo Verde que o país avança a passos largos e todos somos necessários.
Mas falemos de carnaval, dessa festa de cores de liberdade e libertinagem, de estranhos casos de amor de uma só noite, de reencontros com a alegria, do grito: “Mooorte ao tédio!”. Quem não necessita de uma máscara para sobreviver nos dias que correm. Quem não se socorre do jogo das aparências, às fantasias das cores: cor morango, cor banana, cor milho, cor cajú, cor terra, cor céu, cor nuvem, cor chão. Nesses dias que muitas vezes parecem tão parados, dias que se recusam até a dar ao dia outro dia, quem se nega a passar pelo espelho e provar o milagre de um estojo de maquilhagem para realçar ou esconder pormenores de que se gosta mais ou menos na face, no carácter, nas palavras e mesmo no mais profundo do que sentimos ser nós e dizemos “eu”. Mas é carnaval, foi carnaval, a folia das máscaras. O dia oficial para que todas as máscaras fossem exibidas sem complexos.
Vi na televisão o carnaval do Brasil, devo confessar que, como sempre, em mim, despertam certas fantasias ao ver tanto sonho, tanto charme, tantos corpos que se entregam a essa festa desenfreada de exorcismos secretos e falsas juras de romances para sempre. Sim, vi na televisão, mas é televisão, e a televisão é ela mesma uma máscara. Pois eu bem sei dos outros muitos carnavais do Brasil, desses que não têm lugar em nenhum sambódromo, bem sei eu que o povo, lá fora, vive outros carnavais, também felizes carnavais, onde gente comum sem acesso ao sambódromo samba rua riba rua baxu.
Também vi na televisão o carnaval do nosso Brasilinho e fiquei pasmado com o facto de se constactar que afinal nada muda. Apesar de ser uma imitação muito pixelizada do carnaval brasileiro, o carnaval mindelense vai perdendo o brilho que ostentava noutras épocas (o Brasil não pára, o carnaval do Brasil nunca pára). Perdoem-me que o diga mas alguém tem de fazê-lo. Durante uma ano inteiro temos que levar com as mesmas velhas ideias, já há muito criastalizadas, de que o carnaval do Mindelo é o melhor de Cabo Verde, isso sem falar do ter que levar com as afrontas de todas as gritarias “Soncent é sab, sab pa cagâ” e bis, bis, bis. No fim, fazendo o balanço, para quem tem boa memória não se tem notado nenhuma melhoria, nenhuma mais-valia no carnaval do Mindelo, ou seja, não há um enriquecimento da alma do carnaval do Mindelo e muito menos, claro está, do corpo, por isso do espectáculo de rua. As festas privadas não contam, também nós por aqui as fazemos e cada vez mais pomposas. Se calhar o caminho já não passa por imitar o grande Brasil mas sim por criar um outro modelo de imaginação para parir um carnaval de facto mindelense. Por outro lado fala-se cada vez mais nas dificuldades financeiras enroladas em súplicas de que deviam transformar o carnaval em atracção turística e bla, bla, bla. Deviam transformar? Quem? O Governo? Na modi guentis! (sem dizer que pegou a moda do grupo que ganhar o canaval de um ano não se apresentar no próximo ano, este ano a fatia esteve em 600 contos, não me atrevo a escrever aqui o montande do vencedor na Praia). Sim porque tem que ficar claro algo: nos dias que correm o carnaval é tão tradicional no Mindelo como na Praia, no Sal, em Sao Nicolau, ou na Brava, por isso se for investido por parte do Governo no carnaval em Mindelo também vai ter que ser investido aqui na Praia, no Sal, em São Nicolau e em todas as ilhas de um modo equilabrado. Em termos de peso o carnaval neste momento tem tanto peso no Mindelo como na Praia (pronto, as mindelenses gritam mais, é verdade mas e que?). Tradição? Também temos a nossa!!Ou se for preciso convencer alguém, inventamos uma! Para que não seja mal intendido (algo sempre inevitável) devo sublinhar que não se trata da tal tese “tudo para Praia e nada para os demais”, muito ao contrário, estámos no tempo certo para tentar construir uma ponte entre todas as ilhas e tentarmos ter vivências reais das nove ilhas de Cabo Verde onde diariamente existem caboverdianos a dar o seu melhor, por isso o seu contributo para o desenvolvimento do país.
Uma linha solta: já que neste momento tudo o que se faz em Cabo Verde é a pensar nos benditos turistas que tal serem os investidores estrangeiros e nacionais com unidades turísticas a investirem no carnaval em vez de ser o ministério da cultura e câmaras municipais?
Na Praia, o carnaval é hoje cada vez mais um momento de reinvendicação das nossas origens negras, da nossa história e da nossa tradição. Mesmo os grupos de animação, entre o cómico e o puramente teatral, não fugiram à temática. Estive na avenida e vi o mais macho do badiu exibindo estrondosos fios dentais, pude desfrutar momentos de quase eternas poses de muitos Josés que nesse dia deciram por ser Marias Badias, também pela avenida passaram os habituais Zés cornudos, damas da real corte, espantalhos, bichos e monstros das mais variadas categorias, estranhos instrumentos auxiliares de viajens futuristicas e obvio: pretos amarrados por ferrujadas corrente brancas de alma. Mas, é claro, que nem tudo foi um mar de rosas, acho que os andores têm que ter mais trabalho artístico. Regra geral os acabamentos deixaram muito a desejar e por isso chocaram muitos olhos mais sensíveis. Acredito que um maior investimento em pormenores ajudaria os grupos a apresentarem de forma mais profissional. Já agora fica aqui uma segestão: que tal, como fazem por bandas do Brasil e mesmo do Mindelo, convidarem os artistas locais para se encarregarem de tal tarefa. Só aqui na Praia posso nomear: Leno Barbosa, Tutu, Kaya, Nelson Lobo, José Maria Barreto e Manu Preto (que concebe quase todos os cenários do grupo raiz de polón) e muitos outros jovens talentosos que desconheço mas que poderiam ser agradáveis surpresas.
Última nota merecida ao grupo dirigido por Gamal. Destacaram-se pela sua grande variedade nos decors, pelo tratamento do tema, também pela quantidade de pessoas envolvidas e principalmente pela persistência. Realço esse aspecto: o grupo de Gamal repetiu em boa parte da sua temática do ano passado mas melhorando e enriquecendo o seu imaginário. A nova apresentação deu também um outro sentido aos temas pela sua rigorosa organização em grupos e pela disciplina mostrada pelos pupilos de Gamal. De resto é de realçar Gamal como uma personalidades mais queridas da nossa Capital, que se tem destacado não por actos virtuais e palavras mas pelo enorme trabalho desenvolvido em prol da educação/sensibilização comunitária de jovens e por ser um grande activista cultural. Nu poi odju na exemplo di Gamal, caba go nu setal sima el é, nhaku d’ómi. E dizem os que já ouviram o CD que prepara para lançar e aí vem uma obra de grande qualidade: quem tem um cusinha poi Gamal na mó pe lança se CD. E não querendo me imiscuir nas altas decisões das sua excelências que tomam conta da cidade, acho que o nome deste jovem deve constar no lista nos homenageáveis pela cidade, no ano em que Praia faz 150 anos. Afinal nem só de gravatas e relações de proximidade se faz uma cidade, uma sociedade. Mais não Digo.

Sarron diz: Isto é caso para dizer "Nhas gente!"